O DÍZIMO E A
SALVAÇÃO.
Não entendo como podem dizer que
o dízimo é um assunto polêmico somente porque maus ensinadores, interesseiros e mercantilistas, resolveram
associa-lo a diversas questões que servem como meio de pressão e medo para que
ninguém se furte dessa contribuição.
Há livros, abordando o dízimo
como tema e como não quero publicar um tratado sobre este tão importante
assunto, procurarei delinear sem gastar
tantas folhas de papel e tinta com apontamentos históricos e teológicos, para falar de um assunto que vem de dentro da
bíblia e começado pelo próprio Deus.
ASPECTO INSTITUCIONAL
DO DÍZIMO.
O dízimo sempre teve o caráter de
“manutenção” da vida sacerdotal e a primeira informação bíblica que temos está
narrada no Livro de Gênesis (14:20), tempo
em que Abrão junto com seus criados, fizeram guerra contra os reis confederados que atacaram
Sodoma e levaram seu sobrinho Ló entre os cativos. Abrão volta da guerra com seu
sobrinho e um grande despojo; encontra-se com o rei de Sodoma e com Melquisedeque,
sacerdote e rei de Salém. Para o rei de
Sodoma Abrão dá o que lhe fora tirado na guerra e para o rei de Salém,
Melquisedeque, dá o dízimo de tudo. Essa dação foi tão
significativa quanto a figura enigmática de Melquisedeque. O autor da carta
aos Hebreus, que atribuo a Paulo com muita tranquilidade, considerou que seria
importante revelar algo mais sobre Melquisedeque bem como à dadivosa entrega do
dízimo, sem tecer comentários sobre essa contribuição para aprova-la ou
reprova-la.
“Porque este Melquisedeque, que
era rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo e que saiu ao encontro de Abraão
quando ele regressava da matança dos reis e o abençoou; a quem também Abraão
deu o dízimo de tudo e primeiramente é,
por interpretação, rei de justiça e depois também rei de Salém, que é,
rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem
fim de vida, mas, sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote
para sempre...” Hb 7:1-3 e mais:
“E aqui certamente tomam
dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que
vive...” Hb. 7:8. (grifo meu).
Li o texto acima em diversas
outras traduções e prefiro esta. Considerando que o autor já não estava mais no
tempo da Lei, considero que “homens que morrem” não concentra sua força de expressão
apenas sobre os sacerdotes levitas.
Mesmo com o advento da monarquia,
Israel nunca deixou de ser um estado teocrático, a escolha da monarquia foi
deles e não de Deus. Deus havia-os prevenido da obrigação da pagar seus
impostos para manter a casa real, todavia, não os tinha liberado de pagar os
seus dízimos.
A Cesar o que é de Cesar e a Deus
o que é de Deus – Como ninguém pode servir a dois senhores, o raciocínio é por
demais simples na cabeça de alguns: “Se deixo de pagar os impostos, o governo executa minha dívida,
então, deixo de pagar a Deus que não vai me cobrar publicamente...”
A última e mais vigorosa bronca
pela falta de lealdade do povo com o sacerdócio, encontramos no livro de Malaquias.
Os judeus já estavam de volta à sua terra há uns 100 anos, certamente, já esquecidinhos
do cativeiro e os sacrifícios já não eram oferecidos com a mesma qualidade. Por
Isaias, Deus já tinha reclamado esse comportamento! Os sacerdotes tinham
se tornados degenerados e relaxados. Por essas e outras razões, o povo deixara
de dar o dízimo; pensaram certamente que TODOS estavam corrompidos e, portanto,
dízimo já não era uma palavra de ordem na vida familiar. Muitos hoje, encolhem
as mãos por conta dos degenerados.
A expressão “roubar a Deus” com
relação aos dízimos, era muito própria, pois, o dízimo era uma ordenança legal,
(Lv 27:30 – São do Senhor...) estava na
lei e deveria ser observada sem reservas. Ml. 3:7-11 Mandamentos, ameaças e
promessas.
Nas igrejas que pastoreei por
graça e bondade de Deus, nunca li o texto de Malaquias para exigir o dízimo dos
irmãos e quem era dizimista, nunca deixou de ser dizimista.
O DÍZIMO NO NOVO
TESTAMENTO
É bem verdade que não temos no
novo testamento qualquer disciplina sobre cobrança do dízimo e a bem da
verdade, não temos qualquer disciplina acerca de qualquer tipo de arrecadação,
exceto, que Paulo pedia à igreja que coletassem antes da sua chegada por razões que ele certamente conhecia, ICo
16:1-4, estabelecendo o primeiro dia da semana para essa prática, considerando
que os pobres não podiam ficar sem assistência.
Se não temos disciplina para
arrecadação do dízimo, também não temos qualquer referência condenando-o:
“Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e
desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis,
porém fazer estas coisas e não omitir aquelas.”, (grifo meu).
Não era o caso de Jesus doutrinar
acerca do dízimo (Hb.6:1) nem do apóstolo Paulo, por razões de fácil
compreensão; a igreja estava no seu nascedouro, em organização e tudo o que
fizeram, foi atender os pobres que sempre fizeram parte da igreja.
Jesus tinha meios de suprir o seu
ministério – “... e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes e Suzana e
muitas outras que o serviram com suas fazendas” Lc. 8:2-3.
Interessante notar que os homens
reclamam mais de entregar o dízimo que as mulheres. As que reclamam, geralmente
sofreram algum tipo de influência para esse comportamento.
O DÍZIMO, A SALVAÇÃO
E AS BÊNÇÃOS.
O dízimo é uma referência numérica
de contribuição equivalendo a 10% dos rendimentos. Muitos, ao longo dos anos me
perguntavam se era sobre o bruto ou sobre o líquido recebido e muitos
empresários me perguntavam, como pagar o dízimo da sua empresa.
Na antiga aliança, o dízimo era
da produção agrícola ou do pastoreio, hoje, só temos como contribuir em moeda
corrente, com raríssimas exceções.
Como não há regras, o pastor não
deve ter “olho gordo” sobre os rendimentos do fiel, portanto, o dízimo deve ser
daquilo que está disponível para uso, ou seja, do valor líquido da folha de
pagamento e se tiver devolução de imposto retido, pode contribuir daí também,
nada impedindo que o fiel dê sobre o valor do salário nominal e até mais, como
disse, o “dízimo é uma referência” se o fiel tem dificuldades em contribuir com
o dízimo, 10%, dê segundo propôs no seu coração e isto não deve ser motivo para
que o pastor o considere leviano. Só não pode querer enganar; menos de 10%?
Ponha na salva como oferta e fique em paz; você será tão abençoado quanto o que
dá um milhão. Não faça como alguns fazem; dão o dízimo para que o pastor veja a força da
sua contribuição e perceba o quanto merecem ser honrados. Os que dão o dízimo
querendo beneficiar-se na igreja com cargos e posições, já recebem o galardão
aqui mesmo. Recebamos o nosso quando chegarmos lá.
No caso de empresários, o dízimo pode e deve ser praticado sobre o resultado a ser distribuido conforme estatui o instrumento contratual, excluindo-se o que fica como reserva técnica e financeira da empresa, salvo se o empresário entender que todo o resultado líquido e disponível pela sua participação seja a base.
É um ato de grande indignidade,
divulgar lista de dizimistas na igreja além de se constituir em crime de
constrangimento ilegal à quem se sinta ofendido.
O dízimo não tem qualquer relação
com a salvação, curas, milagres, bênçãos e maldições, exceto na cabeça daqueles
que querem manipular os sentimentos do povo.
O dízimo tem uma importância
muito grande no sentido de aferir se o fiel é realmente fiel ou um avarento de
primeira mão e aqui sim, pesa, pois, a avareza é considerada idolatria sendo pecado
capital com muitas advertências na bíblia; portanto, dizer que não concorda com
o dízimo apenas porque não se ajeita com essa contribuição, não convence à
Deus.
Muitos questionam o dízimo, por
que muitas igrejas, não dão a destinação que se faz necessária. Muitos obreiros
amargam a fome e o desprezo, muitos pobres deixam de ser assistidos e muitas
igrejas veem seu prédio se desgastando por falta de manutenção entre outras
questões como a fidelidade na administração do tesouro.
Fui privilegiado em ter ouvido
muitos pastores ainda da primeira geração da igreja e não me lembro de que,
qualquer deles, tenha dado ao dízimo um sentido místico ou espiritualista como
muitos o fazem e nem por isso, o nosso povo deixou de contribuir com seus
dízimos.
Tenho publicado o dízimo do irmão
Virgílio Omito e o dízimo da irmã Mariazinha no meu blog, para mostrar o
exemplo de fidelidade nas pequenas contribuições e o valor que lhes são
devidos.
Contribuamos com alegria, a obra
é de Deus.
Ovelha dá lã e leite quando bem
alimentadas.