Como pastor, Deus me permitiu viver experiências duras porém, maravilhosas sobre a igreja do Senhor nos dois aspectos que a revelam. Como crente em Jesus, o Senhor me fez perceber que a igreja não é um fim em si mesmo e foi criada com a única finalidade de reunir todos sob um mesmo ensino e oportunidade de amar e atender as necessidades do próximo fazendo com que o mesmo se sinta em família.
Como contador e com experiência em formalizar abertura de igreja, conhecendo os meandros legais do estatuto que as rege bem como a sua constituição administrativa e fiscal, me permitiram ver as igrejas pelo ângulo da formalidade legal e econômica.
Sempre que alguém pede meus serviços para formalizar a abertura de uma igreja, tenho o hábito de perguntar quem é o vice presidente, mesmo sabendo pergunto, e no geral o vice presidente é a esposa do pastor ou um ministro lotado na mesma igreja. Geralmente, pessoa pacata, perceptivelmente pouco interessado em riquezas e da absoluta confiança do presidente bem como os demais membros da diretoria.
A vida da igreja do ponto de vista da personalidade jurídica tem as mesmas características de qualquer outra pessoa jurídica com exceção da isenção de impostos e da liberdade constitucional. A igreja não tem como objetivo, capitalizar e investir a não ser em obras sociais e de evangelização dos povos.
Os pastores presidentes e auxiliares não recebem salário, razão pela qual é um termo impróprio perguntar qual é o salário do pastor. Os ministros, no exercício do seu ofício, recebe ajuda com o nome de prebenda e o entendimento é que essa ajuda, deva suprir a família do pastor de maneira confortável para permitir criar e educar seus filhos de maneira digna o que infelizmente, não acontece com todos.
Alguns perguntam se é lícito o pastor presidente preparar os filhos para sucedê-lo no governo da igreja e a minha resposta é que essa preocupação é perfeitamente compreensível, não para todos, infelizmente. Na sucessão do governo da igreja, cabe aos filhos do pastor presidente, procurar viver de maneira digna para ser reconhecido pela igreja. É preciso ter sensibilidade para compreender que algumas derrapadas, que não sejam tão graves, seja compreendida pois os filhos dos pastores, encaram a infância com todas as suas vontades, a adolescência e a juventude, para alcançar o amadurecimento. É um caminho árduo. Há filhos de pastores que não demonstram qualquer inclinação para a vida ministerial e são forçados a isso, lamentavelmente, como há filhos de pastores que desde a infância, sente-se o chamado do Senhor em sua vida. Por semelhança, no antigo testamento, os filhos dos sumo sacerdotes e sacerdotes, seguiam a vida sacerdotal, logicamente considerando-se que acima da vontade dos pais, deve prevalecer a vontade de Deus e não adianta forçar.
Mais que qualquer outro líder, o líder de igreja precisa ser muito transparente com as finanças da igreja, registrando todos os fatos contábeis que representem variação patrimonial e financeiro até por conta, dos olhos do fisco federal e demais órgãos.
As coisas mudaram e hoje, temos as megas igrejas, com templos suntuosíssimos e uma organização de fazer inveja a grandes empresas do mundo business. Outra característica das megas igrejas é o presidente ou seus familiares constituírem empresas que explorem oportunidades e com isso, de maneira legal aos olhos do fisco, levar o seu presidente ao enriquecimento empresarial. Esse procedimento apesar de legal, não é bem visto pela maioria dos cristãos, mas, convenhamos, também discordo que um pastor enriqueça a custa da fé, direta ou indiretamente, todavia, na guerra da conquista ou ele e seus familiares abocanham as grandes oportunidades ou outros o farão.
Se o pastor aproveita as oportunidades que a igreja lhe oferece e ao invés de buscar o seu enriquecimento, invista na obra de evangelização e social, louvamos a Deus.
Se o pastor aproveita as oportunidades que a igreja lhe oferece e ao invés de buscar o seu enriquecimento, invista na obra de evangelização e social, louvamos a Deus.
Não quero deixar passar em branco a minha opinião a respeito para que os críticos não tenham essa dupla visão da vida pastoral e possam tornar a sua crítica mais justa. Se alguém me pergunta, quanto a possibilidade do pastor enriquecer ou ter uma vida mais confortável que o normal é lícito, eu respondo que sim, pois se o pastor recebe a sua prebenda, ou veio da vida empresarial com algum recurso ou produz pelo seu conhecimento e é o tipo de homem sábio, capaz de investir com seriedade na sua base econômica, merece o louvor, pois há homens ligados a igreja, incapazes de organizar a própria vida econômica expondo a família a grandes vexames e até vicissitudes, infelizmente.
O que é importante é que assumamos o papel de intercessores em favor daqueles militam a vida ministerial e tomemos o cuidado de não macular os justos por conta dos que praticam injustiças.