A história do povo se repete diante de toda e qualquer ideologia, do getulismo ao petismo, passando pela revolução militar de 1964 ou a ditadura militar que durou 21 anos, em que esperava-se, o Brasil seria posto na rota de um país sério, comprometido com o seu povo, todavia, foram 21 anos de um período obscuro, de corrupção, de angustia pelos conflitos armados que se levantavam contra a ditadura. No ano do golpe militar, completara os meus 18 anos de idade, morando em São Paulo; não tinha noção de absolutamente nada, apenas sabia da renúncia do presidente, prof. Jânio da Silva Quadros, que em meio as dificuldades de governar, preferiu a renúncia, favorecendo a entrada no governo do Sr. João Belchior Goulart. A vida era muito simples, regada a pequenos salões de baile, com músicas de Bienvenido Granda, Nat King Cole e diversas bandas musicais completavam a festa. Não tinha computador, mulheres frutas, na verdade, as mulheres, sem desmerecer as de hoje, eram muito bonitas pela simplicidade, não haviam muitos retoques, eram o que eram, os carnavais com suas marchinhas criticavam os governos, eram simples diversão tanto nas ruas quanto nos salões, não eram tão desavergonhados como os carnavais de hoje. Quem pretendesse viver mais informado, tinha que se dedicar a leitura de jornais e o povão, sempre preferiu jornais que falavam de esportes; na mesa, a alimentação se restringia a uma carne de frango, de vez em quando, sardinha ou ovos na maioria das vezes, tadinho, chamado jocosamente de "zoião", aproveitávamos tudo; com uma varinha, virava as tripas, lavava bem lavadas e fritava, dando um excelente quitute. Hoje, temos um certo asco, até da carne branca congelada naqueles pacotes horríveis.
Voltemos ao Rio de Janeiro. Nas semanas, ônibus e trens, circulavam tão cheios como hoje, com uma diferença, hoje, quase ninguém carrega marmita, a dureza de ir e vir ao trabalho, não mudou em nada e nem precisa de plástica para rejuvenescer. A marchinha, "Rio de Janeiro, cidade que me seduz, de dia falta água e de noite falta luz" nem precisa de muita explicação. Carreguei muita água em latão, servido por caminhões pipas para abastecer as casas. O Rio de janeiro, há muito, deveria ter alcançado o título de: A cidade mais conservada do mundo; em urbanização, limpeza, segurança e modernidade do transporte público, para manter o status de "Cidade Maravilhosa". O povo carioca que na verdade não é tão carioca assim, pois, o Rio de Janeiro é uma das cidades mais mix do Brasil, não merecem pelo que passam. Esta cidade maravilhosa, contemplaria o estado e certamente os municípios, com excelentes reservas advindas do turismo.Cidade que já foi a capital da nossa república, do palácio do catete, a cidade de Getulio Vargas, do Estado Novo, da consolidação das leis do trabalho, instalando uma nova era nas relações trabalhistas e o que vemos? As mesmas pressões sociais, misérias, desmoronamentos de encostas, e o reconhecimento do Estado que muitos ainda irão morrer por conta disso. O transporte público, notadamente os trens, que levam os trabalhadores da concorrida baixada fluminense ao centro, sempre com aquele desprezo pelo ser humano. Trens que lembram a Índia, trens que lembram os que transportavam os judeus para os campos de concentração. Quando olhamos para o Japão, sacudido, explodido, tsunamitado, vemos um povo aguerrido, como os antigos samurais, porque confiam na ação dos seus governos, que do caos, restabelecem a ordem, do trem bala, da limpeza e do conforto em um território que não permite nem casinha de cachorro no quintal, porque, não tem quintais. Quando será que isto vai mudar, com a copa do mundo ou os compositores terão ainda muito material para suas composições de críticas ao abandono e desprezo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário